Abertura à insegurança e vulnerabilidade para aumentar o amor e a conexão

Olá amigos!

Recentemente eu encontrei o trabalho de Brené Brown. Na verdade, reencontrei. Em meio às minhas práticas de Mindfulness, eu me lembrei da sua palestra do TED, intitulada “O poder da vulnerabilidade”.

Faço questão de indicar esta palestra comovente e engraçada porque ela demonstra um aspecto fundamental da toda prática Mindulness: a abertura. Como somos seres imperfeitos, todos temos as nossas inseguranças, medos, dificuldades.

E é aqui que entra ao mesmo tempo a observação da própria vulnerabilidade e as práticas de Mindfulness que também envolvem compaixão.

Um querido amigo meu certa vez me contou a seguinte história. Imagine uma pessoa que você considera o máximo. Dependendo da sua formação pode ser o Papa, o Dalai Lama, um pastor, um músico, uma atriz… enfim… esta pessoa é especial e você é “fã” dela. Se você tivesse a oportunidade de passar 1 hora com ela, só você e esta pessoa especial, você não passaria?

Bem… e se esta pessoa especial fosse você e tudo o que você tivesse que fazer é passar 1 hora (ou pouco menos) em um processo de auto-observação? De atenção plena – contigo mesmo?

Muitas pessoas vão pensar que não é bem por aí. “Eu não sou como aquela pessoa especial”…

Isto no fundo salienta o fato de que nós não nos temos em boa conta. A nossa autoestima pode não ser tão elevada ou simplesmente nós queremos fugir de ver o que quer que seja que não queremos ver: nosso sofrimento, nossa dor, nossa vulnerabilidade.

E é justamente a partir daqui que o tema toca da palestra da Brown. Existem pessoas que percebem que tem inseguranças e medos, incertezas e dificuldades pessoais, mas não paralisam. Elas notam (mindfulness) o problema interno e não deixam que este problema impeça a realização ou, talvez, uma tentativa.

Por exemplo, alguém pode se sentir inseguro, mas apesar da insegurança, se abre e tenta iniciar um novo romance.

Mindfulness. Atenção plena conduz à compaixão e é facilitada pela autocompaixão. E autocompaixão é auto-bondade. Afinal, não precisamos nos julgar e nos culpar por seremos imperfeitos. Estamos tentando fazer o melhor e isso já basta.

Isto posto, recomendo muitíssimo os livros e vídeos de Brené Brown.

 

A chave para as práticas de Mindfulness

A chave é olhar para os seus pensamentos pelo que eles realmente são… apenas pensamentos. Não há nenhuma necessidade de habitá-los, agir sobre eles, lutar com eles ou tentar evitá-los. Apenas os observe e deixe-os ir, como carros passando em frente à sua casa!

The key is to look at your thoughts for what they really are… just thoughts. No need to dwell on them, act on them, fight with them or try to avoid them. Take notice and let them go, like cars passing your house!

Jon – Mindfulness Coach

Uma outra imagem, também muito utilizada, é ver os pensamentos como nuvens…

História da Mindfulness Psychology – a 3° Corrente da TCC

Conheça neste artigo a história do desenvolvimento da Mindfulness Psychology – a 3° Corrente da Terapia Cognitivo-Comportamental

Olá amigos!

As descobertas que vamos fazendo quando começamos a estudar um novo campo de estudos são fascinantes! Por exemplo, quando comecei a estudar a psicologia cognitiva de Aaron Beck – e que é uma das vertentes da chamada terapia cognitivo-comportamental – descobri que as pesquisas iniciais de Beck sobre depressão haviam começado tentando provar as teses de Freud sobre luto e melancolia!

É incrível descobrir informações deste tipo porque na faculdade de psicologia vemos as “briguinhas” bobas entre as abordagens.

Outra surpresa para mim foi descobrir que a Mindfulness Psychology é incluída como a terceira corrente das psicologias cognitivo-comportamentais. No princípio dos meus estudos, simplesmente, não vi muita relação, mas tenho passado a entender cada vez mais a ponte que pode ser feita de uma psicologia cognitivo-comportamental baseada em Mindfulness.

História da Mindfulness Psychology

Veja também – O que é Mindfulness?

Segundo consta, o médico John Kabat-Zinn tinha experiência com praticas meditativas budistas da linha Theravada, a linha considerada mais antiga e tradicional. Percebendo o sofrimento dos seus pacientes com dores crônicas e stress devido à doença, ele criou um programa que incluía praticas meditativas.

Importante notar, Kabat-Zinn retirou toda conotação religiosa e, deste modo, orientava os seus pacientes apenas a fazer as praticas que, nesse sentido, não necessitam mesmo de se acreditar em Buda, reencarnação, Karma, etc.

Por exemplo, uma das técnicas mais utilizadas consiste em observar atentamente a respiração por períodos de 3 minutos até 45 minutos ou 1 hora. Não é necessário acreditar em nada relacionado ao budismo. Basta praticar um pouco para perceber o funcionamento da própria mente: as divagações pelo futuro ou passado, a evitação de experiências classificadas como ruins (uma coceira, uma dor), os estados emocionais, a mudança constante de sensações…

Com as experiências de aplicação destas praticas meditativas em um contexto laico e com fins de saúde, ficou comprovado empiricamente (e através dos relatos dos pacientes) que o programa de Kabat-Zinn funciona para diminuir o stress, a ansiedade, a dor, ao ampliar a capacidade do paciente de voltar a sua atenção – sem julgar – para o que está acontecendo aqui e agora.

O programa de Kabat-Zinn chamado de MBSR (Mindfulness Based Stress Reduction) é em grupo e tem duração de 8 semanas, em virtude do limite de tempo dos planos de saúde americanos. De toda forma, o padrão de 8 semanas têm sido seguido no mundo a fora.

Passemos agora para a história das terapias comportamentais.

Terapias comportamentais e Mindfulness

Segundo o artigo de Luc Vandenghe e Ana Carolina Aquino de Souza, intitulado Mindfulness nas terapias cognitivas e comportamentais:

“O movimento da terapia comportamental conheceu três ondas. Na primeira, o modelo clássico pautado na teoria pavloviana, técnicas de exposição dominam o tratamento. Representantes atuais da terapia comportamental clássica, como os programas de tratamento para transtornos de ansiedade usando exposição ao vivo, têm apoio empírico importante (Eysenck, 1994)” (Vandeberghe, 2006)”.

Sobre a segunda corrente ou linda da TCC, dizem os autores:

“A segunda onda se caracterizou pelo modelo cognitivo racionalista, com base em processos psicológicos mediados por sistemas de crenças subjacentes. São as terapias cognitivo-comportamentais argumentativas, cuja área de aplicação mais tradicional é a dos transtornos de humor ” (Vandeberghe, 2006).

Nesta chamada segunda onda, podemos incluir os trabalhos de Aaron Beck sobre depressão, que elucidaram a importância dos pensamentos e das crenças na eliciação de estados emocionais (negativos ou positivos).

“A terceira onda prima pela procura de epistemologias alheias, como o construtivismo cognitivo, releituras contextualistas do behaviorismo radical, ou vários novos modelos cognitivos mais interativos e menos lineares. É pautada numa visão contextual de eventos privados e relações interpessoais (Kohlenberg, Tsai & Dougher, 1993; Linehan, 1993; Hayes, 2004), diferente das tentativas diretas de modificar pensamentos e sentimentos, como foi a prática das duas ondas anteriores. Um princípio central nas terapias da terceira onda é que pensamentos não devem controlar diretamente a ação.

A pessoa deveria agir de acordo com seus valores, algo muito mais intuitivo. A racionalidade implacável é objeto de desconfiança (Hayes, Pankey & Gregg, 2002).

A noção de mindfulness é claramente coerente com estas preocupações e foi bem recebida pelas vertentes da terceira onda, tanto na ala cognitiva quanto na comportamental” (Vandeberghe, 2006).

Conclusão

Nos próximos textos, falaremos mais a respeito das linhas das terapias comportamentais que são baseadas em Mindfulness, especialmente a ACT (Acceptance and Commitment Therapy) e a Terapia Comportamental Dialética.

Como a meditação pode mudar o cérebro?

A neurocientista Sara Lazar mostra através de fantásticos escaneamentos cerebrais como a meditação pode mudar de verdade o tamanho de certas regiões do cérebro, melhorando a nossa memória e nos tornando mais empáticos, compassivos e resilientes ao estresse.

Veja o vídeo abaixo. Se as legendas não começarem imediatamente, clique no botão do lado direito, abaixo da tela.

Felicidade: descubra os hábitos para ser feliz

Olá amigos!

Hoje gostaria de compartilhar uma excelente palestra de Matthieu Ricard no TED sobre a felicidade. O palestrante é um autor mundialmente conhecido, biólogo molecular francês, fotógrafo e monge budista. Foi considerado “o homem mais feliz do mundo”. Ele também é filho do filósofo francês François Revel. Juntos, escreveram o livro “O monge e o filósofo”, que discute questões referentes ao budismo e à filosofia.

Veja o vídeo completo abaixo e a transcrição do áudio:

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Acredito que seja devido à globalização que se possa achar latas de Coca-Cola no topo do Evereste e monges budistas em Monterey. (Risos) Atendendo ao seu gentil convite, cheguei do Himalaia há dois dias atrás. Agora gostaria de convidá-los, por alguns instantes, para irmos juntos ao Himalaia. E mostrar os lugares onde praticantes da meditação, como eu, que comecei como Biólogo Molecular no Instituto Pasteur, encontraram o seu caminho para as montanhas.

Estas são algumas fotografias que eu tive o privilégio de tirar pessoalmente. Este é o Monte Kailash no Tibete Oriental – um cenário fantástico. Esta é do país de Marlboro. (Risos) Este é o Lago Turquesa. Um praticante da meditação. Este foi o dia mais quente do ano, em algum lugar no Tibete Oriental no dia primeiro de Agosto. Na noite anterior, estávamos acampados, meus amigos Tibetanos disseram: “Vamos dormir lá fora.” E eu disse: “Porquê? Tem espaço suficiente na barraca!” Eles responderam: “Sim, mas é verão.” (Risos)

Vamos então conversar sobre a felicidade. Enquanto francês, devo dizer que existem muitos intelectuais franceses que acreditam que felicidade é um tema desprovido de qualquer interesse. (Risos). Escrevi, há pouco tempo, um artigo sobre a felicidade que gerou alguma controvérsia. Alguém escreveu um artigo onde dizia: “não imponha sobre nós o trabalho sujo da felicidade” (Risos.) “Não nos preocupamos em ser felizes. Precisamos é viver com paixão.” “Nós gostamos dos altos e baixos da vida” “Gostamos do nosso sofrimento porque é tão bom quando ele pára por alguns instantes” (Risos)

Esta é a vista do balcão do meu eremitério no Himalaia. Tem cerca de 2 metros por 3 e todos vocês são bem-vindos para me visitar a qualquer momento. (Risos)

Vamos voltar então ao tema da felicidade, ou do bem-estar. Em primeiro lugar, apesar do que os intelectuais franceses dizem, o fato é que ninguém se levanta de manhã pensando: “Tomara que eu sofra o dia inteiro.” (Risos) O que significa que de alguma forma – conscientemente ou não, direta ou indiretamente, no curto ou no longo prazo, seja o que for que façamos, esperamos ou sonhamos – de alguma forma, tudo isto está relacionado com um desejo profundo de bem-estar e felicidade.

Como disse Pascal, mesmo aquele que se enforca, de uma certa forma, está procurando dar um fim ao sofrimento – simplesmente não encontrou outra forma. Mas, se procurarmos na literatura, Oriental ou Ocidental, encontraremos uma impressionante variedade de definições para felicidade. Alguns afirmam que acreditam apenas em recordar o passado, e imaginar o futuro… nunca o presente. Outros dizem: a felicidade é o agora; é a qualidade daquele aspecto sempre novo do momento presente. Isto levou Henri Bergson, o filósofo francês, a dizer: “Todos os grandes pensadores da humanidade deixaram a felicidade na imprecisão… de forma que eles possam então defini-la – cada um deles possa defini-la nos seu próprios termos.”

Bom, isso estaria certo se felicidade fosse apenas uma preocupação secundária da vida. Mas se a felicidade é algo que determina a qualidade de cada instante da nossa vida, então é melhor sabermos de que se trata, termos uma ideia mais clara. Provavelmente, o fato de que não sabemos de que se trata é a razão pela qual, tão frequentemente apesar de buscarmos a felicidade, parece que viramos as costas a ela. Apesar de queremos evitar o sofrimento, parece que de alguma forma nós corremos em sua direção. Isto também pode ser produto de algumas confusões.

Uma das mais comuns é a confusão entre felicidade e prazer. Se olharmos para as características de cada uma, o prazer é uma circunstância do tempo, de coisas e de lugares. É algo cuja natureza se transforma. A primeira fatia de um bolo de chocolate é deliciosa, a segunda já nem tanto, e daqui há pouco enjoamos. (Risos). É a natureza das coisas: nós nos cansamos delas. Eu costumava ser um fã de Bach; tocava no violão.. Posso escutá-lo duas, três, cinco vezes. Mas, se tiver que escutar por 24 horas sem parar, pode ficar muito cansativo. Se sentirmos frio, nos aproximamos do fogo; é muito gostoso. Então, passados alguns instantes, vamos nos aproximando cada vez mais, e aí acabamos nos queimando. Parece que as coisas se consomem à medida que as experimentamos. Igualmente, de novo, é possível – é algo que você – não é algo que se irradia para fora. Como, por exemplo, podemos sentir um prazer intenso mas alguns dos que nos rodeiam podem estar sofrendo imensamente.

O que será então a felicidade?

O que será então a felicidade? Felicidade, obviamente, é uma palavra muita vaga. Vamos então falar de bem-estar. Eu acredito que a melhor definição, segundo a perspectiva budista, é que o bem-estar não é apenas uma mera sensação de prazer. É um sentimento profundo de serenidade e realização, um estado que na verdade permeia e sustenta todos os estados emocionais e todas as alegria e tristezas que cruzam o nosso caminho. Para vocês, isto pode ser surpreendente. Podemos sentir este estado de bem-estar enquanto estamos tristes? De certa forma, por que não? Porque estamos falando de um nível diferente.

Olhem as ondas que chegam a praia. Quando estamos embaixo da onda nós tocamos o fundo. Encontramos rocha sólida. Quando estamos no topo, surfando, nos sentimos exultantes. Da mesma forma nós vamos do êxtase à depressão, não há profundidade. Agora, se observarmos o alto mar, pode ser possível ver um lindo oceano, calmo como um espelho. Podem surgir tempestades, mas o fundo do oceano não se altera. Então, o que é isso? Só pode se uma maneira de estar, não apenas uma emoção fugaz, uma sensação. Até mesmo a alegria: ela pode ser fonte de felicidade. Mas alegrias perversas também existem. Podemos nos regozijar com o sofrimento alheio.

Então como acontece a nossa busca pela felicidade? Frequentemente olhamos para o exterior. Acreditamos que se pudermos juntar isto e aquilo, criar as condições apropriadas qualquer coisa que dizemos, tudo para ser feliz. Ter tudo, ser feliz. Esta frase revela por si o destino de destruição da felicidade. Ter tudo. Se houver algo que não se consiga ter, tudo desaba. E também, quando as coisas dão errado, tentamos em demasia consertar o exterior mas o controle que temos sobre o mundo exterior é limitado, temporário e, frequentemente, ilusório. Mas se observarmos as condições interiores. Não são elas mais fortes? Não é a mente que traduz as condições exteriores em felicidade e sofrimento? E isso não é mais forte? Sabemos, por experiência, que podemos estar em lugares que muitos considerariam um paraíso e no entanto, podemos estar completamente infelizes.

O Dalai Lama esteve uma vez em Portugal e haviam muitas construções por todo o lado. Então, certo fim de tarde ele disse: “Reparem, estão a construir todas estas coisas, mas não seria interessante, também, construirmos algo dentro de nós?” E continuou: “Se não for assim, mesmo que estejamos num apartamento high-tech no centésimo andar de um super moderno e confortável edifício, se internamente estivermos profundamente infelizes tudo o que vamos procurar é uma janela da qual possamos saltar.” Vamos pensar então na situação oposta.

Conhecemos muitas pessoas que se encontram em circunstâncias muito difíceis que conseguem manter a serenidade, a força, a liberdade interior… a confiança. Então, se as condições interiores são mais fortes – claro que as condições exteriores têm influência, e é maravilhoso ter uma vida longa e saudável, ter acesso à informação, à educação, viajar ser livre. Todos desejamos isto. Contudo, isto não é suficiente; estas são apenas coisas acessórias. A experiência que tudo traduz está na mente. Assim, nos perguntamos como criar as condições para sermos felizes, as condições internas, e como identificar aquelas que irão minar a felicidade. Para isso precisamos de alguma experiência.

A felicidade para os gregos: eudaimonia

Temos de saber, através de nós mesmos, que existem determinados estados da mente que conduzem a este florescimento, a este bem-estar. é aquilo a que os Gregos antigos chamavam de eudaimonia, florescimento. Há alguns [estados da mente] que são adversos a este bem estar. De fato, se nos baseamos na nossa experiência – a raiva, o ódio, a inveja, a arrogância, o desejo obsessivo, a ganância – eles não nos deixam em um bom estado [pessoal] depois que os experimentamos. Além disto, eles são prejudiciais à felicidade dos outros.

Assim, podemos considerar que quanto mais estes sentimentos tomam conta da nossa mente, como uma reação em cadeia, mais miseráveis e atormentados nos sentimos. Por outro lado, bem dentro de nós, todos sabemos que um ato de despreendida generosidade, mesmo que à distância, de maneira anônima, pode salvar a vida de uma criança ou fazer alguém feliz. Não há necessidade de reconhecimento. Não há necessidade de gratidão por parte dos outros. O simples fato de empreendermos este ato nos traz um sentimento de adequação à nossa mais profunda natureza. E gostaríamos de ser assim o tempo todo.

Mas será possível mudar a nossa maneira de ser, transformar a nossa mente? Serão aquelas emoções negativas, destrutivas inerentes à natureza da mente? Será possível transformar nossas emoções, mudar nossas características e nosso estado de espírito? Para tal temos que perguntar: qual é a natureza da mente? E se observamos do ponto de vista experiencial, encontramos uma qualidade primária de consciência, que é apenas o mero fato de sermos cognitivos e conscientes.

A natureza da mente

A consciência é como um espelho, algo que reflete todas as imagens. Podemos ter uma cara bonita ou uma cara feia. O espelho reflete isto, e não fica defeituoso, não é modificado, não se altera por causa dessas imagens. Da mesma forma, por detrás de cada pensamento está a consciência desnuda, um conhecimento puro. Esta é a natureza da mente. Em sua essência, ela não pode ser contaminada por ódio ou inveja, porque então, se estivesse sempre lá – como um corante que permeia todo o tecido de uma peça de roupa – então seria encontrada a qualquer momento, em qualquer lugar. Sabemos que não estamos sempre zangados, sempre invejosos ou sempre generosos.

Todas as emoções são efêmeras

Então, devido à estrutura básica da consciência é esta inerente qualidade cognitiva que a diferencia de uma pedra, a capacidade de mudar existe porque todas as emoções são efêmeras. Esta é base para o treinamento da mente.

O treinamento da mente é baseado na ideia que dois fatores mentais opostos não podem ocorrer simultaneamente. Podemos ir do amor ao ódio. Mas não é possível senti-los ao mesmo tempo e em relação ao mesmo objeto, ou à mesma pessoa, desejarmos fazer o mal e o bem. Não podemos, com o mesmo gesto, dar um aperto de mão e um soco. Existem antídotos naturais para as emoções que são destrutivas em relação ao nosso bem-estar interior. É esta a forma de proceder. Regozijo comparado com inveja. Uma espécie de sensação de liberdade interior que se opõe à ganância e à obsessão. Benevolência e compaixão contra o ódio. Mas é claro, cada emoção necessitaria então de seu antídoto.

Outra forma é tentar encontrar um antídoto geral para todas as emoções, e isso consegue-se observando a sua natureza. Normalmente, quando nos sentimos incomodados, com raiva ou aborrecidos com alguém, ou obcecados com algo, a mente foca repetidamente nesse objeto. Cada vez que volta a focar no objeto, se fortalece essa obsessão ou esse aborrecimento. É, assim, um processo que se auto perpetua.

Assim, o que precisamos fazer é olhar para o interior em vez de olharmos para o exterior. Observar a própria raiva; isto parece assustador, como uma nuvem de monção ou trovoada. Chegamos a acreditar que podemos sentar nesta nuvem.. mas se chegarmos perto vemos que é apenas uma bruma. Da mesma forma, se observamos o pensamento raivoso, ele se dissipa como a geada ao sol da manhã. Se fizermos isto repetidamente, a propensão, a tendência de que o sentimento de raiva volte vai ser menor e menor a cada vez que deixamos ela se esvanecer. E, no final, mesmo que possa surgir de novo, apenas passará pela nossa mente, como um pássaro a cruzar o céu sem deixar qualquer vestígio. Este é o principal aspecto do treinamento da mente.

Mas isto leva tempo porque – também levou tempo para que todas aqueles falhas na nossa mente, as tendências, se formassem, por isso é preciso tempo para que elas possam ser revertidas. Mas é a única maneira de proceder. Pela transformação da mente, que é o único significado da meditação. Significa familiarização com uma nova forma de ser, uma nova forma de perceber as coisas, uma forma que se adequa mais a realidade, uma forma interdependente, com o fluxo e a transformação contínua que são o nosso ser e a nossa consciência.

A felicidade e as ciências cognitivas

Então, a interface com as ciências cognitivas. Porque temos que abordar o que é, eu suponho, o tema temos que abordá-lo no curto período de tempo que me resta aqui. Com plasticidade cerebral, pensava-se que o cérebro era mais ou menos imutável. Todas a ligações nominais, em número e quantidade, pensava-se – nos últimos vinte anos – que elas eram mais ou menos permanentes quando se atingia a idade adulta. Mas, recentemente, percebeu-se que mudam muito.

Em um violinista, conforme ouvimos dizer, que tenha 10000 horas de prática, algumas áreas do cérebro que controlam os movimentos dos dedos mudam muito, aumentando o reforço das ligações sinápticas. Será que podemos fazer o mesmo com as qualidades humanas? Com a compaixão, a paciência e a sinceridade?

É isso que os grandes praticantes da meditação estão a fazer. Alguns deles, em laboratórios, como aconteceu em Madison, Wisconsin ou em Berkeley, fizeram entre 20 e 40 mil horas de meditação. Eles ficaram em retiro por três anos, meditando doze horas por dia. E depois, durante o resto das suas vidas, continuam a meditar por 3 ou 4 horas por dia. Eles são os verdadeiros campeões olímpicos do treinamento da mente. (Risos). Este é o local onde os praticantes da meditação… – é inspirador, como podem ver. Aqui com 256 elétrodos. (Risos)

O que encontraram? Obviamente, a mesma coisa. O embargo científico – se alguma vez for submetido à “Nature”, espero que seja aceito. Isto lida com o estado de compaixão, compaixão incondicional. Pedimos aos praticantes de meditação que têm praticado durante anos e anos, para levarem suas mentes a um estado onde não existe mais nada além de compaixão – disponibilidade total para com os seres animados.

Obviamente, durante o treino fazemos isto com objetos. Pensamos sobre as pessoas em sofrimento, as pessoas que amamos, mas em um determinado momento, pode ser um estado dominante. Aqui estão alguns resultados preliminares, que posso mostrar porque já foram divulgados.

A curva em forma de sino mostra 150 controles e o que se procura é a diferença entre os lóbulos direito e esquerdo frontais Resumidamente, as pessoas com maior atividade no lado direito do cortéx pré-frontal são mais depressivas, reclusas – não apresentam muitos aspectos positivos.

No lado esquerdo acontece o oposto: maior tendência para altruísmo, felicidade, auto-expressão, curiosidade e por aí fora. Há então uma linha básica para as pessoas. Mas pode ser alterada. Se assistimos uma comédia, deslocamo-nos para o lado esquerdo. Se estamos felizes com algo, vamos mais para o lado esquerdo. Se tiver um período de depressão, desloca-se para o lado direito. Aqui, o -0,5 é o desvio padrão total de um praticante que meditou sobre compaixão. É algo que está totalmente fora da curva.

Não temos tempo de ver todos os resultados científicos. Confiamos que eles surgirão. Mas eles descobriram que – isto após 3 hora e meia em um MRI, é como sair de uma nave espacial. Isto também foi demonstrado em outros laboratórios – por exemplo, no laboratório de Paul Ekman em Bekerley – que alguns praticantes da meditação também são capazes de controlar as suas respostas emocionais mais do que se pensava.

Como na experiência do susto, por exemplo. Se colocarmos uma pessoa em uma cadeira com todo este tipo de aparelhos medindo a sua fisiologia, e há um tipo de bomba que explode, é tão instintivo responder a isso que, em 20 anos, eles nunca encontraram ninguém que não tenha pulado de susto. Alguns praticantes da meditação, sem tentar pará-la, mas estando simplesmente, completamente receptivos, pensando que o bang é apenas um pequeno evento como uma estrela cadente, não se movimentaram.

O objetivo não é fazer de tudo isto uma espécie de circo onde se exibem seres excepcionais que conseguem saltar, ou o que quer que seja. Pretende-se simplesmente dizer que o treinamento da mente é importante. Que não é apenas um luxo. Não se trata de um suplemento vitamínico para a alma; é algo que vai determinar a qualidade de cada instante das nossas vidas. Estamos preparados para passar 15 anos a educarmo-nos. Gostamos de jogging, fitness. Fazemos todo o tipo de coisas para nos mantermos bonitos.

No entanto, surpreendentemente reservamos muito pouco tempo para o que mais importa: a forma como a nossa mente funciona.

Que, novamente, é o que realmente determina a qualidade da nossas experiências.

A expectativa é que ponhamos nossa compaixão em ação. É o que tentamos fazer em locais diferentes. Apenas um exemplo sobre o qual vale a pena refletir. Uma senhora com tuberculose óssea, deixada sozinha numa tenda com sua única filha, está prestes a morrer. Aqui está ela um ano depois. Diferentes escolas e clínicas que organizamos no Tibete.

E apenas, deixo vocês com a beleza destes olhares que dizem mais sobre a felicidade do eu poderia dizer. E monges saltitantes do Tibete. (Risos) Monges voadores. Muito obrigado.

Picasso em 3D: Agora você vai entender o cubismo

Olá amigos!

Quando estava no Mestrado na UFSJ, apresentei um trabalho sobre Kunstlerroman, o romance do artista que se faz artista, com meu querido amigo Rafael Senra, escritor e autor de quadrinhos.

Lembro que discutimos que determinadas culturas não conseguem reconhecer um desenho em 2D, pois é preciso um treinamento para ver em uma folha de papel ou em um quadro a existência da profundidade e a correlação com o objeto real.

E se nos aprofundarmos na história da arte ocidental, veremos que o cubismo é um passo além. Muitas e muitas pessoas já me disseram que não gostam do Picasso, que consideram uma arte feia, sem sentido, sem a beleza de um Monet ou a força de um Van Gogh.

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Quando foi a última vez que você ficou sem fazer nada?

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Nós vivemos em um mundo incrivelmente atarefado O ritmo de vida é frenético, nossas mentes estão sempre ocupadas, e estamos sempre fazendo algo.

Por isso, gostaria que você parasse para pensar, quando foi a última vez que você não fez nada? Somente 10 minutos, sem perturbação? E, quando digo nada, eu digo nada mesmo. Sem emails, SMS, internet sem TV, sem chat, sem comer, sem ler, nem mesmo sentar e ficar remoendo o passado ou planejando o futuro. Simplesmente não fazendo nada. Vejo muitos rostos pálidos. (Risadas) Imagino que vocês tenham que ir bem lá trás.

É algo extraordinário, certo? Estamos falando sobre nossa mente. A mente, o nosso recurso mais valioso e precioso, com a qual vivenciamos cada momento de nossas vidas, a mente que contamos para sermos felizes, contentes, estáveis emocionalmente como indivíduos, e ao mesmo tempo para sermos gentis e atenciosos e termos consideração com os outros. Esta é a mesma mente que dependemos para sermos focados, criativos, espontâneos e fazermos o melhor em tudo que fazemos. Mesmo assim, nós não tiramos um tempo para cuidá-la. Na verdade, nós cuidamos mais dos nossos carros, de nossas roupas e nosso cabelo do que nós mesmos – ok, talvez não do cabelo não conte, mas vocês sabem onde quero chegar.

A consequência, é claro, que ficamos estressados. A mente zune como uma máquina de lavar rodando sem parar, muitas complicações, emoções confusas, e não sabemos como lidar com isso, o pior é que nós ficamos tão distraídos que não estamos mais presentes no mundo em que vivemos. Nós deixamos de ver as coisas mais importantes para nós, e o mais engraçado é que todo mundo aceita que a vida é assim, e seguem em frente. Não é realmente assim que a vida deve ser.

Eu tinha uns 11 anos quando fui à minha primeira aula de meditação. E acredite, ela tinha todos os estereótipos que vocês imaginam, sentar no chão com as pernas cruzadas, o incenso, o chá de ervas, os vegetarianos, tudo minha mãe ia, fiquei curioso, então fui junto. Eu tinha visto alguns filmes de kung fu e, secretamente, eu imaginava que aprenderia a voar, mas eu era muito novo na época. Quando eu estava lá, assim como muitas pessoas, eu presumi que era apenas uma aspirina para a mente. Você está estressado, você faz meditação. Eu não imaginava que podia ser algo preventivo, até meus 20 anos, quando muitas coisas aconteceram na minha vida em pouco tempo, coisas sérias que viraram minha vida de pernas para o ar de repente eu me vi inundado de pensamentos, inundado de emoções difíceis que eu não sabia lidar. Quando eu lidava com uma, outra surgia novamente. Foi um período muito estressante para mim.

Penso que cada um lida com o estresse de diferentes formas. Algumas pessoas se atolam de trabalho, agradecendo pela distração. Outras procuram apoio nos amigos, na família. Outras caem na bebida ou tomam remédios. O meu modo de lidar com isso foi me tornar monge. Então, larguei a faculdade e fui para o Himalaia, me tornei um monge e aprendi a meditar.

As pessoas me perguntam o que eu aprendi naquele tempo. Bem, é óbvio que as coisas mudaram. Vamos ser sinceros, tornar-se um monge celibatário muda muita coisa. Mas foi mais do que isso. Eu aprendi a ter um maior reconhecimento, um entendimento sobre o momento presente. Não se perder com pensamentos, não estar distraído, não estar atormentado por emoções difíceis, mas aprender a estar no aqui e agora, como estar consciente, como estar presente.

Eu acho que o momento presente é muito subestimado. Parece banal, mas passamos tão pouco tempo no momento presente que pode ser tudo, menos banal. Uma pesquisa feita por Harvard, recentemente, diz que em média nossas mentes estão distraídas em pensamentos quase 47 por cento do tempo. Quarenta e sete por cento. Ao mesmo tempo, essa divagação da mente é também causa direta da infelicidade. Bem, não estamos aqui por muito tempo, mas desperdiçarmos metade da vida divagando em pensamentos e potencialmente infelizes, sei lá, parece trágico, especialmente quando há algo que podemos fazer a respeito, quando há algo positivo, prático, atingível, uma técnica cientificamente comprovada que permite a nossa mente ser mais saudável, mais consciente e menos distraída. O mais lindo de tudo isso é que com apenas 10 minutos por dia, isso causa um impacto em toda nossa vida. Mas temos que aprender como fazer. Precisamos exercitar. Precisamos de um sistema que nos ensine a sermos mais conscientes. Isso é basicamente o que a meditação é. Ela nos familiariza com o momento presente. Mas temos que aprender como conduzi-la ao caminho certo para aproveitarmos o melhor dela. É para isso que elas estão aqui, caso vocês se perguntem, porque muitas pessoas presumem que a meditação é apenas parar de pensar, livrar-se das emoções, de alguma forma controlar a mente, mas realmente ela é bem diferente disso. É mais sobre como dar um passo para trás, ver claramente o pensamento, vê-lo vindo e indo, emoções vindo e indo, sem julgamento, mas com uma mente relaxada e focada.

Por exemplo, neste momento, se eu foco demais nas bolas, então não tem como eu relaxar e falar com vocês ao mesmo tempo. Se eu relaxo demais ao falar com vocês, não tem como eu focar nas bolas. Vou deixá-las cair. Assim na vida, como na meditação, há momentos em que o foco se torna muito intenso e a vida se torna um pouco assim. É um modo muito desconfortante de viver a vida, quando você fica tenso e estressado. Em outros momentos, se nos soltarmos demais, as coisas ficam um pouco assim. E, é claro na meditação – (Ronco) – nós acabamos dormindo. Por isso procuramos um equilíbrio, um relaxamento focado que permita nossos pensamentos ir e vir sem o envolvimento habitual.

O que acontece geralmente quando aprendemos a sermos consciente é que nos distraímos com os pensamentos. Vamos supor que isto é um pensamento ansioso. Tudo vai bem e então você vê o pensamento ansioso e pensa: “Ai, eu não tinha percebido que eu estava preocupado com isso.” Você repete. “Ai, eu estou preocupado. Ai, eu estou realmente preocupado. Uau, é muita ansiedade.” E antes que nós percebamos, estamos ansiosos por nos sentirmos ansiosos. Isto é loucura. Fazemos isso o tempo todo, todos os dias. Se você pensar na última vez que você teve um dente solto, eu pessoalmente não lembro. Você sabe que está solto, e sabe que dói. Mas, o que você faz a cada 20, 30 segundos? (Resmungo) Dói. E reenforçamos a história, certo? Remoemos para nós mesmos e fazemos isso o tempo todo. É apenas aprendendo a observar a mente que podemos começar a nos livrar dessas histórias e padrões mentais. Mas, quando você sente e observa a mente desta maneira, você pode ver muitos padrões diferentes. Você pode ver uma mente que é muito inquieta o tempo todo. Não fique surpreso se você sentir o seu corpo um pouco agitado quando você sentar sem fazer nada e sentir sua mente assim. Você pode achar a mente lenta e entediante, quase mecânica, parece que você apenas acorda, vai ao trabalho, come, dorme, acorda, trabalha. Ou pode ser um pensamento incômodo que fica girando, girando e girando em sua mente. Bem, seja o que for, a meditação oferece a oportunidade de dar um passo para trás e ter uma perspectiva diferente, para ver que as coisas nem sempre são o que parecem ser. Não podemos mudar cada coisinha que acontece na nossa vida, mas podemos mudar o modo como a vivenciamos. Este é o potencial da meditação, do raciocínio. Você não precisa queimar nenhum incenso, e você definitivamente não precisa sentar no chão. Tudo o que você precisa são 10 minutos por dia dar um passo para trás, familiarizar-se com o presente para experienciar uma sensação maior de foco, calma e clareza na sua vida.

Estar presente: quanto tempo você consegue ficar sem celular?

Um dos poemas de Fernando Pessoa (como Álvaro de Campos) que mais gosto se chama A Passagem das Horas. Álvaro de Campos é o protótipo do sujeito moderno, vivendo entre a novidade da tecnologia, o tédio e o desencontro entre as suas sensações e os outros.

É certo que Álvaro de Campos não é Alberto Caiero, aquele outro (outro nome) – heterônomo- que Fernando Pessoa (o ego) chamava de mestre (o Self).

Mas estava dizendo sobre o Passagem das Horas. Ao rever o vídeo abaixo me lembrei deste trecho: Nem tomar nota do que vi para depois fingir que o vi.

Trecho de Passagem das Horas

“Viro todos os dias todas as esquinas de todas as ruas,
E sempre que estou pensando numa coisa, estou pensando noutra.
Não me subordino senão por atavismo,
E há sempre razões para emigrar para quem não está de cama.

Das serrasses de todos os cafés de todas as cidades
Acessíveis à imaginação
Reparo para a vida que passa, sigo-a sem me mexer,
Pertenço-lhe sem tirar um gesto da algibeira,
Nem tomar nota do que vi para depois fingir que o vi”

Nem tomar nota do que vi para depois fingir que o vi

Tirar uma foto é tomar uma nota, é guardar uma lembrança, é registrar um momento, certo?

Com os telefones espertos (smartphones) temos à nossa disposição a possibilidade de registrar todo momento. Antes não. Antes tínhamos que escolher ocasiões especiais, posto que comprar um filme para uma câmera e revelá-lo não saia barato.

Hoje podemos tirar foto de tudo. E encher o nossos HD’s e cartões de memória com megabits e pixels de sensações desencontradas.

Como no vídeo abaixo, tomar nota do que vi para tentar ver de verdade, quem sabe, outro dia… pois afinal, estamos presentes no momento quando queremos guardar algo para o futuro? Ou estamos perdendo o presente na busca de uma memória do passado no futuro?

Como diz o título do vídeo: “Eu esqueci o meu celular”. Quanto tempo você consegue esquecer o seu?

O que é Mindfulness?

Olá amigos! Muitas pessoas me perguntam o que é Mindfulness. A palavra não é traduzida para a nossa língua, mas podemos dizer que a Mindfulness Psychology, a Psicologia Mindfulness é a Psicologia da Atenção Plena.

Para começarmos a entender o que é Atenção Plena é útil distinguir entre dois estados mentais básicos:

1) Mente no piloto automático

2) Mente atenta ao presente

Mente no piloto automático é a mente que faz tudo por hábito, sem pensar e sem observar de fato o que está acontecendo. Assim, passamos por uma rua pensando em projetos futuros ou cenas do passado e não notamos a paisagem. Comemos um prato delicioso sem perceber que o prato que acabou de acabar era delicioso. Estava apimentado? Salgado? Agridoce?

Em poucos momentos, se não treinarmos, estaremos realmente atentos ao que está acontecendo aqui e agora.

Uma boa pergunta para um psicólogo clínico é: existe algum problema aqui, agora, nesse segundo? 99% das vezes o paciente vai dizer que não. O que significa que os problemas estão localizados em outro tempo (passado ou futuro) e outro espaço.

O objetivo da Mindfulness Psychology, com suas técnicas advindas da meditação, é fazer com que cada um vivencie o que está lhe acontecendo agora.

O que você pode ver, sentir, cheirar, tocar, degustar agora-agora-agora?

Para treinar este estado de atenção plena, consciente, existem diversas técnicas. Cada uma delas terá uma âncora meditativa. Uma pode se centrar nas sensações corporais, indo dos pés à cabeça, enquanto outro centra-se na respiração, na entrada e saída de ar.

É importante deixar claro que o processo não consiste na busca de deixar a mente vazia, ou seja, em tentar não pensar em nada. Quando surge um pensamento, quando surge um sentimento ou uma sensação é possível perceber o que está ocorrendo (um pensamento, um sentimento ou uma sensação) e voltar para a âncora meditativa.

Isto significa que na percepção do que ocorre dentro e fora está acontecendo o estado Mindfulness, um estado de atenção plena. O oposto disso seria não se perceber que a mente está saindo do agora e indo para outro lugar. O oposto disso seria deixar a mente no piloto automático, perdendo o único tempo que temos, não a toa chamado de presente.

Eu, Felipe de Souza, estou fazendo a minha formação em Mindfulness Psychology na UNIFESP, no centro Mente Aberta. Tive o prazer de ter como um dos instrutores o Prof. Marcelo que nos explica mais o que é Mindfulness, como está a divulgação no Brasil e também fala sobre meditação, nos três vídeos abaixo.

O que é Mindfulness?

https://www.youtube.com/watch?v=UuEZ7QYes8M

Mindfulness no Brasil

https://www.youtube.com/watch?v=zXsUAtN3j9M

O que é Meditação?

http://youtu.be/dG9XokxRBDw