Será que praticar as técnicas de Mindfulness significa tornar-se budista?
Uma questão que sempre surge quando vamos falar de Mindfulness, de Atenção Plena, é a sua relação com o budismo e com o Oriente.
É verdade que as técnicas meditativas vem do oriente e mais especificamente do budismo. (Entretanto, também sabemos que estas técnicas são muito anteriores ao Sidarta Gautama, o Buda histórico, que diz ter aprendido as técnicas de concentração e atenção com outros mestres).
Mindfulness é igual a budismo?
Se considerarmos que o estado de atenção plena é uma função psíquica, um estado psicológico ou mental, não fará sentido designá-lo como budista ou hindu. Assim como não faz sentido dizer que os sonhos são freudianos, por exemplo.
Nas últimas décadas, devido às pesquisas científicas das Terapias Baseadas em Mindfulness, os benefícios sobre a prática de técnicas de Mindfulness e meditação tem se tornado mais claras. Isso acontece porque, até então, havia dúvida e receio da comunidade científica, especialmente da medicina e da psicologia, sobre os motivos pelos quais seriam indicadas as práticas, em virtude de sua origem supostamente religiosa.
Recomendo o vídeo Mindfulness veio do Budismo?, de Tiago Tatton:
Mindfulness e ciência
De acordo com Ausiàs Cebolla i Martí, as primeiras pesquisas científicas de Mindfulness foram realizadas por Jon Kabat-Zinn a fim de comprovar a eficácia do Programa MBSR, Mindfulness para redução do Stress, aplicado à dor crônica (1982) e à ansiedade (1995), embora já houvessem pesquisas sobre o zen e a meditação transcendental antes, é comum demarcar o início do crescimento e divulgação das práticas de Mindfulness com Kabat-Zinn.
Tais pesquisas tinham por objetivo investigar a eficácia das práticas em determinadas doenças e transtornos mentais. Somente em uma segunda etapa é que os objetivos visaram entender os mecanismos psicológicos que acontecem no processo. Esta segunda etapa é normalmente creditada a Zyndel Segal, John Teasdale e Mark Williams.
Para praticar Mindfulness, e estar atento ao momento presente, não precisamos acreditar em karma, reencarnação, na iluminação do Buda, etc. Sabendo que estar atento ao momento presente traz benefícios físicos e mentais, podemos aprender e treinar como ficar mais neste estado sem ter que adotar todas aquelas crenças.
A Yoga é uma boa analogia. Existem estúdios e academias que dão aulas de Yoga. A ideia é promover o bem estar físico, o alongamento, controle da respiração, etc. Para praticar e ter os benefícios não é preciso acreditar nos iogues da Índia…
As técnicas de Mindfulness, por serem laicas, podem atrair um número maior de ocidentais e ser utilizada em diversos contextos. Depois de conhecer as possibilidades, as pessoas podem (ou não!) buscar as origens nas tradições.
Conclusão
Portanto, Mindfulness não é igual a budismo ou para praticar as técnicas de Mindfulness não precisamos ser budistas ou adotar o budismo. Tendo isso claro, é interessante saber também que existem Programas de 8 semanas, parecidos com os delineados por Jon Kabat-Zinn, que são baseados no budismo, MBTB ou Mindfulness Baseado na Tradição Budista.
Veja o vídeo abaixo (em espanhol).
Entrevista Dokushô Villalba MBTB from CreaConcepto on Vimeo.
Dúvidas, sugestões, comentários, por favor, escreva abaixo!
Atenciosamente,
Felipe de Souza
Grata pelas informações esclarecedoras. Pratico mindfulness e percebo benefícios reais na maneira de me relacionar com pensamentos, sentimentos, experiênciase e com o outro. Você faz um belo trabalho. Parabéns.
Obrigado Sayonara!
Fico feliz com seu comentário! 🙂