Existem diversas relações entre mindfulness e minimalismo. Se você pratica mindfulness, em certo sentido, você se aproxima do minimalismo em pelo menos dois aspectos: deixar de ser multi-tarefa (ou procurar ser menos) e deixar ir (pensamentos, principalmente, mas mais).
Primeiro, vamos às definições.
Minimalismo e Mindfulness
Minimalismo é uma espécie de movimento que aparece nas artes e na música e, também, como um estilo de vida. Muitas pessoas passaram a perceber a loucura do capitalismo, da produção em massa e do marketing agressivo que nos faz consumir o que, no fundo, não precisamos (ou até já temos).
Mindfulness é um estado, traço ou técnica de prestar atenção ao momento presente, de maneira intencional e sem julgamentos.
Deixar ir
Um dos benefícios de praticar mindfulness com regularidade é aprender a deixar ir (letting go) – o que já foi apontado por Jon Kabat-Zinn em seu livro Full Catastrophe Living. Segundo ele, deixar ir é sinônimo de desapego. Desapego de pensamentos e emoções positivas e igualmente desapego de pensamentos e emoções negativas, bem como desapego de pensamentos sobre o passado e o futuro.
Ser minimalista significa ter e manter apenas o necessário e se desapegar do resto. Nesse sentido, há uma relação com mindfulness na medida em que na prática deixamos ir pensamentos e sentimentos e sensações e nos voltamos para a prática.
Também podemos aprender a deixar de lado pensamentos que nos levem a consumir produtos (ou serviços) desnecessários.
A felicidade não vem de fora
Com as práticas de mindfulness, notamos que a paz, o contentamento, a felicidade não vem das circunstâncias externas. Victor Frankl foi muito feliz ao dizer: “Entre o estímulo e a resposta está a liberdade de escolha”.
Podemos estender a noção para os objetos que estão sob nossa posse. A felicidade não vem de ter isso ou aquilo, o que é fácil de notar quando ficamos ansiosos para comprar alguma coisa e logo depois nos desinteressamos pelo que acabamos de comprar.
Menos coisas – para fazer
O minimalismo não trata apenas das posses e usufruto. Um estilo de vida minimalista também implica em reduzir a quantidade de coisas para fazer. A ideia é ter mais qualidade de tempo, espaços livres, e foco para fazer o que é realmente importante. Em casa, no trabalho, com a família e amigos.
Aprendemos com as práticas de mindfulness a prestar atenção em uma única âncora meditativa como a respiração, por exemplo. Este exercício nos ensina a deixar de ser multi-tarefa e a ter foco. E ter prioridade. Prioridade significa o que vem primeiro. Primeiro, isso, só isso. Depois, só depois, aquilo (e só aquilo).
Autoconsciência e autonomia
Mindfulness é então ter consciência de segundo a segundo (ou procurar ter atenção plena de novo quando nos distraímos), o que ocasiona o que tecnicamente podemos chamar de metacognição, a cognição da cognição, saber que estamos sabendo, vendo, ouvindo, lendo. Autoconsciência, consciência de ter consciência.
O minimalismo também implica em ter mais consciência. Consciência do que e como gastamos a nossa energia e nosso dinheiro. E, por sua vez, autoconsciência e autonomia estão intimamente ligadas. O poder de comprar (ou deixar de comprar), de fazer ou deixar de fazer é decidido por cada um e não pelos outros.
Conclusão
Praticar mindfulness não significa necessariamente adotar o estilo de vida minimalista. Porém, com as definições corretas, é plausível dizer que as práticas de mindfulness nos aproximam do minimalismo – se soubermos como definir o termo.
Afinal, minimalismo não é uma única coisa. Este movimento aparece nas artes e na música. Quanto ao estilo de vida, encontramos pessoas que tem e mantém muito muito pouco (tudo o que tem cabe em uma mochila) e pessoas que entendem que o principal não é a quantidade de coisas e sim a utilidade de cada um dos itens para o nosso bem-estar.
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